Fazendo uma "limpeza" em meus arquivos, encontrei um exemplar do Jornal O Estado de São Paulo de 2006, que na época publicou uma reportagem intitulada “Devolveu o cartão, chocou a vizinhança”,
que relata o drama de Márcia Miranda, dona de casa, desempregada,
residente em Boituva – São Paulo, que recebia R$ 15,00 (quinze reais)
mensais do programa “Bolsa Família”, e que após conseguir um emprego com
carteira assinada como empregada doméstica, decidiu devolver o cartão do “Bolsa Família”, já que o mesmo destinava-se à pessoas desempregadas.
Por causa desse ato, relata o jornal, Márcia foi ridicularizada pela vizinhança. Na reportagem ela diz o seguinte:
– O pessoal fica perguntando por que eu fiz isto, por que devolvi o cartão.
O custo anual da
corrupção no Brasil é de R$ 380 Bilhões, que equivale a R$ 12.000 por
segundo. O Brasil deixa de crescer em 2% do PIB por ano devido à
corrupção. 21% das empresas aceitam o pagamento de subornos para
conseguir favores. 70% das empresas gastam até 3% do faturamento anual
com propinas. 87% relatam que a cobrança de propina ocorre com alta
frequência. 96% dizem que a corrupção é um obstáculo importante para o
desenvolvimento (Dados retirados da
Revista Exame de 20/7/2005: Marcos Fernandes economista, coordenador da
escola de economia da FGV e Transparência Brasil).
Reclamamos dos
políticos e governantes, mas precisamos fazer a nossa parte, começando
pelo voto consciente nas eleições, e principalmente por nossas
atitudes e decisões no cotidiano. Coisas simples como o superfaturamento
de uma nota fiscal de refeição ou combustível, estacionar em vagas
destinadas à idosos ou deficientes, “furar” a fila, jogar lixo em
qualquer lugar, comprar ingresso de cambista, falar mal de pessoas que
não estão presentes para defender-se, dirigir embriagado, dentre outra
quantidade de comportamentos que são justificáveis quando são nossos,
mas imperdoáveis quando são dos outros.
Infelizmente, para muitos, ser ético é o mesmo que ser chamado de otário. Mas isso, como tudo na vida, é uma escolha, uma decisão.
Existem pessoas que entendem e apostam que a única maneira de acabar com esse sistema de facilidades e apodrecimento das relações é lutando contra ele. Para alguns pode parecer uma missão impossível, mas não para essas pessoas, porque elas acreditam na capacidade de pensar, sentir e agir crendo que existe algo ou alguém além do tangível ou material, que traz consciência, significado e equilíbrio para o papel das pessoas nas organizações, na família, na sociedade e no mundo, e entendem que ganhar essa luta é plenamente possível. E você? O que acha?
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