quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Ser ético não é ser otário!


       Fazendo uma "limpeza" em meus arquivos, encontrei um exemplar do Jornal O Estado de São Paulo de 2006, que na época publicou uma reportagem intitulada Devolveu o cartão, chocou a vizinhança, que relata o drama de Márcia Miranda, dona de casa, desempregada, residente em Boituva – São Paulo, que recebia R$ 15,00 (quinze reais) mensais do programa “Bolsa Família”, e que após conseguir um emprego com carteira assinada como empregada doméstica, decidiu devolver o cartão do “Bolsa Família”, já que o mesmo destinava-se à pessoas desempregadas.

       Por causa desse ato, relata o jornal, Márcia foi ridicularizada pela vizinhança. Na reportagem ela diz o seguinte:

       – O pessoal fica perguntando por que eu fiz isto, por que devolvi o cartão.

      O custo anual da corrupção no Brasil é de R$ 380 Bilhões, que equivale a R$ 12.000 por segundo. O Brasil deixa de crescer em 2% do PIB por ano devido à corrupção. 21% das empresas aceitam o pagamento de subornos para conseguir favores. 70% das empresas gastam até 3% do faturamento anual com propinas. 87% relatam que a cobrança de propina ocorre com alta frequência. 96% dizem que a corrupção é um obstáculo importante para o desenvolvimento (Dados retirados da Revista Exame de 20/7/2005: Marcos Fernandes economista, coordenador da escola de economia da FGV e Transparência Brasil).

    Reclamamos dos políticos e governantes, mas precisamos fazer a nossa parte, começando pelo voto consciente nas eleições, e principalmente por nossas atitudes e decisões no cotidiano. Coisas simples como o superfaturamento de uma nota fiscal de refeição ou combustível, estacionar em vagas destinadas à idosos ou deficientes, “furar” a fila, jogar lixo em qualquer lugar, comprar ingresso de cambista, falar mal de pessoas que não estão presentes para defender-se, dirigir embriagado, dentre outra quantidade de comportamentos que são justificáveis quando são nossos, mas imperdoáveis quando são dos outros.

     Infelizmente, para muitos, ser ético é o mesmo que ser chamado de otário. Mas isso, como tudo na vida, é uma escolha, uma decisão. 

     Existem pessoas que entendem e apostam que a única maneira de acabar com esse sistema de facilidades e apodrecimento das relações é lutando contra ele. Para alguns pode parecer uma missão impossível, mas não para essas pessoas, porque elas acreditam na capacidade de pensar, sentir e agir crendo que existe algo ou alguém além do tangível ou material, que traz consciência, significado e equilíbrio para o papel das pessoas nas organizações, na família, na sociedade e no mundo, e entendem que ganhar essa luta é plenamente possível. E você? O que acha?


Nenhum comentário:

Postar um comentário