segunda-feira, 10 de setembro de 2012

AINDA SOBRE PRIVATIZAÇÃO X ESTATIZAÇÃO






       Ao anunciar o pacote de concessões em rodovias e ferrovias a quase um mês atrás, a presidente Dilma requentou um debate envolvendo seu partido (PT) e o PSDB de Fernando Henrique. Eles voltaram a bater boca sobre as privatizações. O lado cômico disso tudo é que o ministro da fazenda, Guido Mantega, se preocupou de imediato em dizer que o programa "não é uma privatização" enquanto que o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, cumprimentou o governo por "aderir às privatizações". kkkkkkkk

       Primeiramente cabe dizer que o programa anunciado tem seus méritos ao levantar, mais uma vez, o grave problema da infraestrutura brasileira no setor de transportes e ao propor um modelo de ação baseado em parcerias com o setor privado. O poder público não dispõe de recursos para atender as demandas de logística e a alternativa é criar condições para que as empresas privadas assumam os projetos. PERFEITO!  Se a transferência de estradas e ferrovias vai ocorrer sob a forma de privatização ou concessão isso não tem importância. Afinal, como dizia o líder chinês Deng Xiaoping: "Não importa a cor do gato, contanto que ele cace o rato".

       Quanto ao debate relacionado à privatização, cumpre chamar a atenção para o fato do governo (leia-se PT) estar indicando que cedeu à velha dicotomia impregnada em seus discursos envolvendo estatização e privatização. Eles sempre tentaram passar a imagem de que havia uma luta do bem (estatização) contra o mal (privatização). O verbo privatizar foi satanizado por muitos petistas, deixando a idéia de que o interesse público somente seria preservado através da manutenção da atuação estatal sobre a atividade produtiva do país.

       Engraçado é que, até pouco tempo atrás, ao mesmo tempo em que discursavam contra as privatizações, o discurso petista exaltou o crescimento econômico do país e a ascendência de 30 milhões de brasileiros para a classe média como se tudo isso fossem méritos alcançados única e exclusivamente pelas ações de Lula. A bondade da administração do PT teria sido suficiente para gerar mais riqueza nacional e melhorar as condições materiais para um enorme contingente de pessoas que viviam na miséria. Deus meu, que presunção! A idéia passada foi que os governos anteriores eram perversos e que eles estavam a serviço de empresários gananciosos que queriam se apropriar das estatais.

       A realidade gente, é que o processo de privatização iniciado com o PND (Programa Nacional de Desestatização) em 1990 foi um dos pilares para o crescimento econômico no governo Lula. A atuação de ex-estatais como Usiminas, CSN, Embraer, Vale e as diversas companhias de telecomunicações foram o sustentáculo para que a economia crescesse gerando empregos e para que o governo pudesse manter os programas de seguridade social dos quais o partido (PT) tanto se vangloria como obra exclusivamente sua. 

       Concluindo, as ineficientes estatais sufocavam as contas públicas, serviam como moeda de troca para obtenção de favores políticos e seus serviços se caracterizavam pela qualidade medíocre. Privatizadas, elas geram lucros e impostos, trazem divisas para o país e têm a obrigação de serem eficientes para atender consumidores e acionistas. As ex-estatais hoje dão suporte à economia do país, enquanto que segmentos sob gestão predominantemente pública como estradas, portos e aeroportos se transformaram em gargalos para a competitividade econômica.    

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